Capítulo 6: Na cola da bicharada
É hora de descobrir como é o dia-a-dia de quem se dedica a estudar os bichos em miniatura das matas brasileiras
Estudar os menores bichos do Brasil não é moleza, não. Que o digam os cientistas dedicados a esse trabalho. Para saber como esses animais vivem, o que comem, como se comportam, entre muitas outras características, é preciso não só manter os olhos bem abertos, mas também saber driblar dificuldades e agir como um autêntico investigador.
Manter os ouvidos atentos ao som produzido pelos sapinhos da Mata Atlântica, por exemplo, pode ser uma pista fundamental para que um biólogo encontre os animais que estuda. Afinal, estes anfíbios são difíceis de localizar por conta do pequeno tamanho e por ficarem escondidos entre as folhas do chão. O curioso é que são os machos que cantam e é à cantoria deles que o cientista precisa estar atento!
Aliás, além de colocar os ouvidos a postos ao som da natureza, também é bom mantê-los atentos à previsão do tempo. Isso porque o clima é um fator importantíssimo para o sucesso de um trabalho de campo. Um biólogo que decida estudar os minúsculos sapos da Mata Atlântica, por exemplo, precisa ter em mente que, depois de perder horas subindo uma montanha, pode ser que não encontre, ao final de sua caminhada, nem um animal desses para contar história. Tudo porque, às vezes, o dia está aparentemente propício para o pesquisador ir a campo, estudar os animais que pesquisa, mas, para esses bichos, a data escolhida não poderia ser pior. Afinal, quando o clima está seco demais, os sapinhos tendem a se esconder e a não se mexer. Aí fica difícil encontrá-los, não é mesmo?
Achar as espécies para estudo, aliás, é uma dificuldade que a maioria dos cientistas enfrenta na hora de estudar os menores bichos do Brasil. Não é raro encontrar um pesquisador que afirme ter visto poucas vezes, livre na natureza, o animal que tanto estuda, apesar de anos de trabalho. A explicação para isso é uma só: o comportamento dos animais.
Veja o caso do tamanduaí. Esse bicho, além do tamanho diminuto, tem hábitos noturnos e vive no topo de árvores que podem ter a altura de um prédio de quatro andares. Para vê-lo na natureza, seria preciso passar noites nos galhos mais altos e ainda encontrar um jeito de enxergar no escuro! Mas, claro, é possível, com sorte, encontrá-lo descansando durante o dia, por exemplo. Já em relação ao gato-do-mato, as dificuldades são outras, mas também existem. Como bom felino que é, esse bicho é esquivo, tímido e veloz, capaz de desaparecer rapidamente ao menor sinal de perigo.
A dificuldade em avistar essas espécies, porém, não desanima os pesquisadores, que optam por outros caminhos para fazer o seu trabalho. Há, por exemplo, os que realizam estudos com animais mantidos em cativeiros. Já outros optam por analisar pegadas e até fezes das espécies, que são especialmente úteis para identificar o que elas comem e as doenças que têm. Além disso, ainda existe a possibilidade de utilizar as chamadas armadilhas fotográficas, equipamentos que tiram automaticamente fotos dos animais que passam por eles, e também colares que emitem sinais de rádio e possibilitam que os pesquisadores saibam os locais onde andam e o tamanho da área que o animal ocupa.